sábado, 23 de julho de 2016

COISAS DE ADORNAR PAREDES pelo mundo 8

E o irrequieto livrinho continua passeando mundo afora! Desta vez ele mandou lembranças da capital francesa, onde foi aproveitar suas férias de verão! Novamente sem me levar junto, esse ingrato... Ele deu uma relaxada na beira do Rio Sena, para curtir o céu azul maculado por uma certa "torre" de metal...

Depois, em visita ao Museu de Cluny, o Museu Nacional da Idade Média, passou para dar um alô e mimetizar um pouco com outra “coisa de adornar paredes”: a tapeçaria "La dame à la licorne", que data do século XV.  

Após esse papo ancestral, foi curtir a cidade ao ar livre, passou pelo bairro de Montmartre, deu uma volta de carrossel, curtiu a vista da cidade se sentindo Amélie Poulain e ainda encarou as escadarias da Igreja Sacre Coeur: UFA!

Depois de tanta andança, encerrou a aventura fazendo uma boquinha numa Brasserie, pois andar dá um apetite e tanto! Depois disso, ele se mesclou à multidão de turistas e não foi mais visto! Até o momento não se tem notícias de seu atual paradeiro. Qualquer novidades, posto aqui!







sexta-feira, 22 de julho de 2016

RESENHA DAS MINHAS "COISAS" NO CORREIO DO CIDADÃO!

Resenha do meu livro publicada originalmente em:  http://www.correiodocidadao.com.br/guarapuava/jose-aguiar-e-suas-coisas/

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Publicado em julho 21st, 2016 | por Jornal Correio do Cidadão

José Aguiar e suas coisas

A imagem de uma santa, o calendário de oficina, o quadro da Santa Ceia, os retratos dos parentes mortos, o crucifixo, os azulejos e até mesmo a rachadura na parede. Pode parecer que não, mas todos esses objetos têm uma história particular. Ou melhor, são as pessoas que dão sentido para essas coisas utilizadas para enfeitar paredes.
Essa é, pelo menos, a perspectiva do quadrinista José Aguiar na obra “Coisas de adornar paredes” (2016), publicada pela editora independente Quadrinhofilia. O artista vem a Guarapuava em agosto, para participar da GorpaCon 2016.
Com roteiro e arte do autor, o livro é dividido em histórias que se passam em bairros conhecidos de Curitiba (PR). Apesar da localização geográfica, a temática e a abordagem são universais, revelando trajetórias de personagens tão comuns quanto qualquer pessoa.
A diferença está na abordagem original de Aguiar: simples e banais objetos (as tais “coisas” do título) servem de ponto de partida para contar uma boa história. Uma dos milhões de reproduções da famosa tela “Santa Ceia” (pintada originalmente por Leonardo Da Vinci) é o mote de “Santa Ceia em Santa Felicidade”, a terceira narrativa de “Coisas de adornar paredes”.

Uma das histórias do livro é feita a partir de uma reprodução da ‘Santa Ceia’
Com uso da técnica do preto e branco, o autor constrói, na verdade, um conto ilustrado, em que texto e desenho se combinam para narrar a trajetória errante de João, o gerente e proprietário de uma típica cantina italiana do famoso bairro gastronômico da capital paranaense.
Sem muita noção de arte ou decoração, o protagonista botou na parede uma cópia do quadro de Da Vinci feita por um artesão de estrada. “Seu pequeno pedaço de bom gosto certamente iria impressionar e atrair mais freguesia” (p. 34), acreditava o gerente.
Mas não foi bem isso que ocorreu. Ninguém deu bola para o quadro; e os fregueses queriam apenas comer.
Os negócios começaram a dar errado para João, até que ele teve que fechar o restaurante. No entanto, sua cópia da “Santa Ceia” seguiu com ele… até o desfecho surreal, que o leitor deve descobrir por conta própria (sem spoilers, aqui).
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METALINGUAGEM
Após o último quadro da narrativa ilustrada “Santa Ceia em Santa Felicidade”, o livro corta para dois personagens que nada têm a ver com a história do gerente João.
Ou melhor, têm certa relação. Afinal, um deles é o autor do pequeno conto (e de todas as histórias do livro); a outra personagem é a sua leitora. Aguiar promove uma intersecção de dois tipos de narrativas na obra, brincando com a metalinguagem. Trocando em miúdos, ele produz um livro que discute o fazer literário.
Trabalhando em uma empresa de azulejos (outra “coisa” de enfeitar paredes), Chico rabisca seus contos nas horas vagas, sonhando em se tornar um escritor profissional. Sua principal leitora é Ana, que dá palpites, sugestões e críticas em todas as histórias; além do Caio, colega de trabalho de Chico, que contribui de alguma maneira para o aspirante a autor.
Aguiar utiliza o trio de personagens para desnudar o processo de criação ficcional, mostrando como algumas decisões podem alterar completamente o desenrolar de uma história.
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O autor
O curioso é que nos trechos sobre Chico, Caio e Ana o autor do livro utiliza mais a linguagem dos quadrinhos. No entanto, na parte sobre os contos de Chico a narrativa se aproxima mais da literatura, com trabalho fabular em cima dos textos. Os desenhos são importantes e muito presentes, mas só funcionam na sincronia com o recurso verbal.
ORIGENS
No posfácio ao livro, José Aguiar recorda que a gênese de “Coisas de adornar paredes” se deu em 1999, na extinta revista independente “Almanaque Entropya”, espaço de publicação de artistas curitibanos.
Naquela época, ele publicou duas histórias já com o título que seria utilizado no livro de 2016. O mote era ver as coisas sob uma perspectiva inusitada.

Com o tempo, a série ficou somente naquele material de duas décadas atrás; mas o autor ficou com a vontade de voltar ao tema. “Mas as ideias foram amadurecendo, cresceram e se tornaram narrativas maiores” (p. 119).
Assim, ele selecionou as que mais lhe agradavam e surgiu o lance de costurá-las em uma obra maior, acrescentando o aspirante a escritor. “‘Coisas de adornar paredes’ é um projeto sobre aquelas pequenas coisas em que presto atenção quando caminho pelas ruas de Curitiba ou quando visito a casa de alguém e me deparo com alguma sutileza que me sensibiliza” (p. 119).

Texto: Cristiano Martinez
Fotos: Arquivo Pessoal/José Aguiar