quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

HQ sobre a CCXP 2016!

E Coisa de Adornar Paredes marcou presença no maior evento de cultura pop do planeta! Inclusive fiz uma HQ, publicada em 14 de dezembro no jornal Gazeta do Povo, contando como foi a experiência! Clique para ampliar e ler mais tranquilo!

Coisas de Adornar na CCXP 2016!

E Coisas de Adornar Paredes ganhou dezenas de leitores novos na Comic Con Experience 2016!


No clima do evento para melhor vender!

Doutor Estranhofez o livro sumir rapidinho do evento!
Teve quem teleportou seu exemplar para casa!

Bom gosto não tem idade!

Bíceps ajudam a vender!

Galera do site Terra Zero prestigiando!

Quem leva "Coisas"leva todas as outras!

O aluno Fábio Fratt e sua esposa Weruscka, a equipe Relinkarium da mesa F29!

COISAS DE ADORNAR PAREDES pelo mundo 9: TOUR LISBOA!



Fragmentos de Coisa de Adornar na Amadora BD 2016


Fórum Luís de Camões, sede da Amadora BD

Lançamento de Coisas de Adornar em Portugal no Amadora BD.
A informal plateia portuguesa chegando para o evento.


Rui Brito, editor da Polvo, meus originais e certo autor.

Palestrando sobre o projeto www.ainfanciadobrasil.com.br

Visita a BDteca de Beja.

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Alguns leitores portugueses e seus autógrafos para adornar suas coleções!

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Coisas de Adornar Paredes Portuguesas 02

Confira a filmagem da apresentação dos livros da Editora Polvo durante o Amadora BD 2016 - 27.º Festival Internacional de Banda Desenhada:  "Hinário Nacional" de Marcello Quintanilha (Brasil), "A Demanda do G" de Geral et Derradé (Portugal) e meu Coisas de Adornar Paredes, além da presença do editor Rui Brito. Desculpe, a qualidade de som e áudio, mas vale o registro! Obrigado Nuno Duarte pela filmagem!

Coisas de Adornar Paredes Portuguesas 01

Neste ano fui convidado do belo festival europeu AMADORA BD para representar o quadrinhos brasileiros em sua mais recente edição! Por ocasião de minha visita,a editora Polvo, dentro do selo Romance Gráfico Brasileiro, publicou a primeira versão estrangeira de Coisas de Adornar Paredes! O lançamento foi acompanhado de um bate-papo e sessões de autógrafos!
Obrigado a todos que me apoiaram durante a realização desses projetos e a todos que me levam para AMADORA BD, onde eles poderão reverberar com mais intensidade. Foram dias de aventura, matar saudades e de muitas descobertas que irão influenciar o futuro. 

 A edição portuguesa do meu livro foi feita em um formato ligeiramente menor do que a nacional. E quer saber? Ficou um charme só! Adorei o resultado final! Agradeço a Rui Brito, meu editor, pela oportunidade e conselhos durante a produção, que contou novamente com o design da querida Aline Scheffler e prefácio do amigo Érico Assis, que você pode conferir abaixo:


"Há um momento deste álbum em que uma personagem vai reclamar com nosso protagonista/meta-autor que a mania que ele tem em situar as histórias na sua terra natal, Curitiba, incomoda-a profundamente. A personagem, amigo que quer ajudar o protagonista/meta-autor a ter sucesso na literatura, diz: “Aqui não acontece nada, cara! Invasão alienígena, monstro e super-herói andam por Nova Iorque, Tóquio, Londres, Paris... Mas, poxa vida, quem se importa com Curitiba?”
Muito do que eu conheço da carreira do José Aguiar tem a ver com dar uma resposta a essa pergunta. E uma resposta bem dada.
Aguiar, como você já suspeita, nasceu e mora em Curitiba. Conheço seu trabalho desde que ele e uma turma da cidade, mais amigos dos arredores, inventaram um super-herói: o Gralha. Cientes de todas as outras apostas e da incongruência na ideia de “super-herói brasileiro” (assunto comprido), o Gralha era meio que uma tabula rasa em que os autores podiam encaixar histórias cômicas, de terror, de relacionamentos, até mesmo de super-herói, mas sempre com aquela piscadela para o leitor de que aquilo não era bem uma história de super-herói. E o Gralha era um super-herói curitibano.
Curitiba, apesar de estar a meia hora de voo de São Paulo – para o bem ou para o mal, epicentro de tudo que acontece no Brasil, incluindo quadrinhos –, fica na região que os paulistas chamam de “O Sul”. “O Sul” é uma construção cultural que tem mais a ver com sociologia do que com geografia. Lá (aqui, no meu caso) no “O Sul”, as pessoas falam português diferente, bebem água quente com grama e tem uns malucos que querem se separar do Brasil. “O Sul” não é São Paulo, coisa que os paulistas não entendem.
José Aguiar não situa todas suas histórias em Curitiba, nem lembro de ver seus personagens bebendo água quente com grama. Pode-se dizer que algumas histórias de sua coletânea Quadrinhofilia são curitibanas, mas as de Vigor Mortis Comics encaixam-se tanto na sua cidade quanto em qualquer outra. As adaptações de Machado de Assis (Dom Casmurro) e Euclides da Cunha (Revolta de Canudos), assim como Reisetagebuch: uma viagem ilustrada pela Alemanha e seu trabalho para o mercado franco-belga, Ernie Adams, evidentemente, não são. A Infância do Brasil, um de seus últimos e mais bonitos trabalhos – disponível em www.ainfanciadobrasil.com.br – se passa, bem, no genérico “Brasil”.
Fora o Gralha, a única outra personagem decididamente curitibana em que José Aguiar trabalhou – e no caso, criou – é a Malu, protagonista dos álbuns e das tiras de Folheteen. E a ideia é certeira: retratar a adolescência na cidade que o autor conhece bem porque foi onde passou a sua adolescência.
Mais do que situar algumas de suas HQs em Curitiba, Aguiar também tentou destacar a cidade de outras formas. Ele foi um dos criadores do Gibicon, evento de quadrinhos que virou um dos mais importantes do país. Em um projeto que considero ainda mais criativo, o Cena HQ, ele e seus parceiros idealizaram adaptar HQs para o palco de teatro (e teatro é algo que se associa fácil a Curitiba, no Brasil). Foram quatro anos de peças que exploravam o potencial dramático do que se faz de melhor em HQ no país.
O início de Coisas de Adornar Paredes, aliás, me lembrou outro quadrinista que via muito teatro nos quadrinhos: Will Eisner. A relação entre o homem e a imagem da santa, e o sentimento de traição, me lembraram o mote de Um Contrato com Deus. A temática religiosa, embora não esteja em todas as histórias, atravessa o álbum – que fala mais sobre as coisas que veneramos e colocamos nas paredes, sejam de fim religioso ou não, sejam por uma religião ou outra. E de como isso nos afeta.
Não sei se era a intenção do Aguiar, mas ter Eisner como referência não costuma fazer mal. Embora os traços dos dois não necessariamente combinem, dá para ver o mesmo raciocínio por trás do traço: a escolha de enquadramento e ângulo, de deformações e estilizações, de composições de página e de equilíbrio de massas são todas, ao mesmo tempo, de eficiência dramática e claras na narrativa. Claro que muita gente já mexeu e contribuiu com essa gramática da HQ desde que Eisner fez suas experiências, desde setenta e tantos anos atrás. O Aguiar pode-se incluir entre um deles.
Na mesma página em que a personagem reclama da fixação do protagonista/meta-autor com Curitiba, outra personagem dá a resposta: “Nosso mundinho cotidiano é tão banal pra gente que não nos tocamos que ele é exótico pros outros! O local pode sim ser universal!”
E foi dessa página que eu lembrei quando o Aguiar me convidou para escrever um prefácio de Coisas de Adornar Paredes – justamente quando o álbum vai ser publicado em Portugal, levando um pouco de Curitiba, do “O Sul”, do local para um outro país e outras leituras. E leva também o mais importante: tudo em que o Aguiar inspira-se a partir de sua cidade, mais tudo que ele é, o que leva a seu jeito particular – e brilhante – de fazer quadrinhos."
 Érico Assis escreve sobre quadrinhos (Omelete, Folha de S. Paulo, Blog da Companhia, A Pilha) e traduz quadrinhos (Craig Thompson, Dan Clowes, Neil Gaiman, Grant Morrison, Alison Bechdel) no Brasil. Também foi editor da antologia O Fabuloso Quadrinho Brasileiro de 2015, da editora Narval Comix."

Coisas de Adornar Designers!

Em 01 de novembro estive palestrando sobre minha carreira e trabalhos recentes na Unicuritiba para os alunos de design durante a a Semana Desfoco! Obrigado a todos pelo carinho! Especialmente a Adriane Linhares pelo convite!

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Entrevista no GORPACON

No dia 13/08/16 estive no GORPACON o novo e belo evento de cultura pop que acaba de nascer na cidade de Guarapuava-PR, deslocando o eixo cultural para mais uma cidade sedenta de fantasia! Confira a entrevista que dei para o jornalista Cristiano Monteiro Martinez, um dos heroicos organizadores do evento! Nela falo sobre Coisas de Adornar Paredes, minhas tiras Nada Com Coisa Alguma e A Infância do Brasil.

sábado, 23 de julho de 2016

COISAS DE ADORNAR PAREDES pelo mundo 8

E o irrequieto livrinho continua passeando mundo afora! Desta vez ele mandou lembranças da capital francesa, onde foi aproveitar suas férias de verão! Novamente sem me levar junto, esse ingrato... Ele deu uma relaxada na beira do Rio Sena, para curtir o céu azul maculado por uma certa "torre" de metal...

Depois, em visita ao Museu de Cluny, o Museu Nacional da Idade Média, passou para dar um alô e mimetizar um pouco com outra “coisa de adornar paredes”: a tapeçaria "La dame à la licorne", que data do século XV.  

Após esse papo ancestral, foi curtir a cidade ao ar livre, passou pelo bairro de Montmartre, deu uma volta de carrossel, curtiu a vista da cidade se sentindo Amélie Poulain e ainda encarou as escadarias da Igreja Sacre Coeur: UFA!

Depois de tanta andança, encerrou a aventura fazendo uma boquinha numa Brasserie, pois andar dá um apetite e tanto! Depois disso, ele se mesclou à multidão de turistas e não foi mais visto! Até o momento não se tem notícias de seu atual paradeiro. Qualquer novidades, posto aqui!







sexta-feira, 22 de julho de 2016

RESENHA DAS MINHAS "COISAS" NO CORREIO DO CIDADÃO!

Resenha do meu livro publicada originalmente em:  http://www.correiodocidadao.com.br/guarapuava/jose-aguiar-e-suas-coisas/

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Publicado em julho 21st, 2016 | por Jornal Correio do Cidadão

José Aguiar e suas coisas

A imagem de uma santa, o calendário de oficina, o quadro da Santa Ceia, os retratos dos parentes mortos, o crucifixo, os azulejos e até mesmo a rachadura na parede. Pode parecer que não, mas todos esses objetos têm uma história particular. Ou melhor, são as pessoas que dão sentido para essas coisas utilizadas para enfeitar paredes.
Essa é, pelo menos, a perspectiva do quadrinista José Aguiar na obra “Coisas de adornar paredes” (2016), publicada pela editora independente Quadrinhofilia. O artista vem a Guarapuava em agosto, para participar da GorpaCon 2016.
Com roteiro e arte do autor, o livro é dividido em histórias que se passam em bairros conhecidos de Curitiba (PR). Apesar da localização geográfica, a temática e a abordagem são universais, revelando trajetórias de personagens tão comuns quanto qualquer pessoa.
A diferença está na abordagem original de Aguiar: simples e banais objetos (as tais “coisas” do título) servem de ponto de partida para contar uma boa história. Uma dos milhões de reproduções da famosa tela “Santa Ceia” (pintada originalmente por Leonardo Da Vinci) é o mote de “Santa Ceia em Santa Felicidade”, a terceira narrativa de “Coisas de adornar paredes”.

Uma das histórias do livro é feita a partir de uma reprodução da ‘Santa Ceia’
Com uso da técnica do preto e branco, o autor constrói, na verdade, um conto ilustrado, em que texto e desenho se combinam para narrar a trajetória errante de João, o gerente e proprietário de uma típica cantina italiana do famoso bairro gastronômico da capital paranaense.
Sem muita noção de arte ou decoração, o protagonista botou na parede uma cópia do quadro de Da Vinci feita por um artesão de estrada. “Seu pequeno pedaço de bom gosto certamente iria impressionar e atrair mais freguesia” (p. 34), acreditava o gerente.
Mas não foi bem isso que ocorreu. Ninguém deu bola para o quadro; e os fregueses queriam apenas comer.
Os negócios começaram a dar errado para João, até que ele teve que fechar o restaurante. No entanto, sua cópia da “Santa Ceia” seguiu com ele… até o desfecho surreal, que o leitor deve descobrir por conta própria (sem spoilers, aqui).
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METALINGUAGEM
Após o último quadro da narrativa ilustrada “Santa Ceia em Santa Felicidade”, o livro corta para dois personagens que nada têm a ver com a história do gerente João.
Ou melhor, têm certa relação. Afinal, um deles é o autor do pequeno conto (e de todas as histórias do livro); a outra personagem é a sua leitora. Aguiar promove uma intersecção de dois tipos de narrativas na obra, brincando com a metalinguagem. Trocando em miúdos, ele produz um livro que discute o fazer literário.
Trabalhando em uma empresa de azulejos (outra “coisa” de enfeitar paredes), Chico rabisca seus contos nas horas vagas, sonhando em se tornar um escritor profissional. Sua principal leitora é Ana, que dá palpites, sugestões e críticas em todas as histórias; além do Caio, colega de trabalho de Chico, que contribui de alguma maneira para o aspirante a autor.
Aguiar utiliza o trio de personagens para desnudar o processo de criação ficcional, mostrando como algumas decisões podem alterar completamente o desenrolar de uma história.
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O autor
O curioso é que nos trechos sobre Chico, Caio e Ana o autor do livro utiliza mais a linguagem dos quadrinhos. No entanto, na parte sobre os contos de Chico a narrativa se aproxima mais da literatura, com trabalho fabular em cima dos textos. Os desenhos são importantes e muito presentes, mas só funcionam na sincronia com o recurso verbal.
ORIGENS
No posfácio ao livro, José Aguiar recorda que a gênese de “Coisas de adornar paredes” se deu em 1999, na extinta revista independente “Almanaque Entropya”, espaço de publicação de artistas curitibanos.
Naquela época, ele publicou duas histórias já com o título que seria utilizado no livro de 2016. O mote era ver as coisas sob uma perspectiva inusitada.

Com o tempo, a série ficou somente naquele material de duas décadas atrás; mas o autor ficou com a vontade de voltar ao tema. “Mas as ideias foram amadurecendo, cresceram e se tornaram narrativas maiores” (p. 119).
Assim, ele selecionou as que mais lhe agradavam e surgiu o lance de costurá-las em uma obra maior, acrescentando o aspirante a escritor. “‘Coisas de adornar paredes’ é um projeto sobre aquelas pequenas coisas em que presto atenção quando caminho pelas ruas de Curitiba ou quando visito a casa de alguém e me deparo com alguma sutileza que me sensibiliza” (p. 119).

Texto: Cristiano Martinez
Fotos: Arquivo Pessoal/José Aguiar

sábado, 18 de junho de 2016

Venha conversar comigo sobre os processos de criação do meu livro e saber mais sobre minha carreira de quadrinista! E garantir, claro, seu exemplar autografado! Na loja do Sesc do Paço da Liberdade! Não perca!

segunda-feira, 13 de junho de 2016

COISAS DE ADORNAR PAREDES pelo mundo 7






















































E o compadre e grande quadrinista André Diniz flagrou numa viela de Lisboa um exemplar foragido do meu COISAS DE ADORNAR PAREDES! A arredia HQ tentava se camuflar em meio a paisagem local para repousar após mais uma travessia transoceânica! O meliante livro foi capturado e devorado por seu captor que, esperamos, apreciou a refeição.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Entrevista no TERRA ZERO!

Publicado em 30/05/2016 aqui.
O artista José Aguiar, ou só Zé Aguiar, vem se credenciando como uma das vozes fortes do quadrinho nacional. Autor conhecido pelo seu trabalho em tiras ccomo Nada Com Coisa Alguma, lançou no fim do ano passado a webcomic A Infância do Brasil. Além de estar em seu currículo os conceituados trabalhos em Folheteen e Vigor Mortis. Entretanto, Aguiar segue incansável e, em 2016, já lançou a HQ Coisas De Adornar Paredes.
Coisas De Adornar Paredes é um quadrinho que demorou a chegar ao mercado. Ele já havia utilizado o título duas vezes em outras oportunidades, porém percebeu que poderia experimentar e ir além em seu novo trabalho. A HQ contém oito contos sobre peças que adornam paredes: quadros, imagem de santos, rachaduras e até o nada. As narrativas são interligadas pelo protagonista Chico, que está se esforçando para lançar sua arte sequencial e acaba encontrando vários dilemas na vida.
O Terra Zero aproveitou o recente lançamento de Coisas de Adornar Paredes e bateu um papo com Zé Aguiar sobre paredes, adornos, materialismo, fé e Zack Snyder(?).

Terra Zero: Zé, Coisas de Adornar Paredes é um projeto velho seu. Como é retornar a esse trabalho?
José Aguiar: Existem ideias que parecem fluir já prontas. Outras tem a  hora e o lugar certo para acontecerem. Este é o caso deste projeto, que nasceu em 1999 na revista independente Almanaque Entropya. Foram duas HQs curtas que deram o tom do tipo de história que iria perseguir. Você pode lê-las aqui, inclusive: http://coisasdeadornarparedes.blogspot.com.br/p/o-projeto.html
O resultado me deixou com vontade de levar a ideia adiante, mas ela foi ultrapassada por outros projetos que viraram prioridade. Ao longo dos anos fui anotando ideias, algumas como contos, para manter viva a vontade de fazer um livro a partir de “coisas”. Cheguei a apresentar o conceito para alguns editores, mas sabe como funciona o mercado nacional: salvo casos raros, se você não tem um projeto pronto em mãos, dificilmente terá apoio para publica-lo. O que eram ideias soltas começou a tomar forma quando apresentei o projeto para uma lei de incentivo: o Mecenato Municipal de Curitiba. Assim, publiquei o livro pelo meu próprio selo (Quadrinhofilia) neste ano. Foi um longo caminho  sem largar a ideia, mas que valeu a pena. O legal é que depois de tanto tempo de “maturação”, a execução do livro fluiu numa velocidade que me surpreendeu. Para uma ideia tão antiga é uma baita vitória ver o livro hoje nas livrarias e comic shops.

TZ: A HQ é recheada com oito contos sobre enfeites, quadros, rachaduras de paredes, de onde parte essa inspiração?
JA: Os objetos e elementos cotidianos são os temas, ou melhor, pretextos para falar das pessoas que voluntariamente, ou não, os colocaram nas paredes. Afinal, a maneira como tomamos posse dos espaços em que vivemos fala muito sobre nós mesmos. É nossa maneira desajeitada de nos tornarmos momentaneamente “imortais” ao “tomar posse” de um espaço. Tornar paredes acolhedoras é um anseio primitivo nosso, que remonta as cavernas adornadas com pinturas rupestres.  Os temas de cada conto são coisas que observei em minha cidade (Curitiba) mas que são universais. Eu não queria que fosse um livro turístico, mas que, a partir do meu universo particular, eu pudesse extrapolar para histórias que fossem possíveis de identificação em qualquer lugar.  Coisas que eu vejo quando passeio por aí ou quando visito alguém. Então, cuidado ao me convidar para uma visita. Eu vou reparar na bagunça.
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TZ: Coisas de Adornar Paredes é uma grande história que mistura vários elementos, onde você pode experimentar na sua narrativa. Como é trabalhar em histórias mais longas depois de você ser um profissional reconhecido por suas tiras?

JA: Eu me considero um autor irrequieto. Se você colocar meus livros lado a lado, vai notar que gosto de me aventurar dentro da linguagem dos quadrinhos. Alguns me conhecem mais pelas tiras do Nada Com Coisa Alguma, onde já busco subverter o espaço “limitado” da tira. Ou talvez pela webcomic A Infância do Brasil (www.ainfanciadobrasil.com.br) que, além de uma narrativa longa, é minha aventura mais “épica”, ao contar a nossa história pela perspectiva da infância desde o século XVI para podermos refletir o presente. Outros podem me conhecer por trabalhos com a graphic Folheteen – direto ao ponto ou Vigor Mortis Comics. HQs muito diferentes entre si, seja na proposta ou no traço.
Eu comecei publicando tiras com16 anos e nunca parei de experimentar gêneros, formatos e técnicas de ilustração nas minhas histórias. Eu os amo os quadrinhos em todas as suas variantes e, como autor,  busco fugir de uma “zona de conforto”. Quero estar sempre me reinventando e me impondo novos desafios. Coisas de Adornar Paredes, que foi feito quase que simultaneamente, é o total oposto de A Infância do Brasil: projeto virtual, inclusive com recursos interativos. “Coisas” é meu primeiro trabalho só com pincel e nanquim aguado. Ilustrar essa história numa “aquarela” PB foi muito libertador. Valorizar a mancha, o ruído do papel e abrir mão do perfeccionismo da linha  me  fez muito bem. E acho que essa estética casou com o texto da maneira que eu precisava para dar força à narrativa. As tiras me ensinaram a a ser mais direto, sem enrolação. As narrativas longas me dão espaço para desenvolver ideias que não caberiam em uma tira. Mas no fim, toda história longa não é uma série de pequenas situações que se somam para chegar num objetivo maior? O que varia é a “metragem” da história que quero contar. A habilidade de narrar deve ser a mesma.

TZ: Muitos dos contos são diretamente ligado a fé e obsessão das pessoas pelos adornos. Você está denunciando um problema da nossa sociedade? Fala do materialismo?

JA: Eu ando numa fase de muita reflexão pessoal sobre como nossa sociedade tem evoluído, ou não. Em A Infância do Brasil a pergunta que paira sobre toda essa narrativa é: “O que mudou e o que não mudou em mais de 500 anos ?”. Em face dos acontecimentos políticos dos últimos anos, é assustador ver como tendemos a nos repetir. A insistir nos mesmo erros e a abandonar avanços sociais conquistados árdua e lentamente em troca de conservadorismo. Uma falsa sensação de segurança criada a partir de ódio mesquinho e preconceito com outras formas de ser e pensar. Sentimentos que, pouco tempo atrás, pareciam distantes. Coisas que acreditávamos ter deixado para trás, mas que voltaram a nos assombrar com uma violência inacreditável.
Cada conto do meu Coisas de Adornar Paredes fala um pouco disso também. Os personagens são pessoas limitadas por suas perspectivas individualistas.  Não há heroísmos, mas pessoas falhas como nós. Apaixonadas, egoístas, esperançosas, ingênuas, ruins… Mas o nível de “denúncia” fica por conta do grau de identificação que o leitor encontra com essas histórias. Afinal, nem todas se passam num mundo “real”, o que pode ser ainda mais revelador numa segunda leitura. E sobre a fé? Por ser um artista eu tenho que ter fé. Mesmo que minhas HQs recentes tenham um tom mais severo, ainda sou uma pessoa otimista. Pode não ser que minha fé não seja exatamente a do leitor. Mas tenho fé que vai respeitar a minha, expressa nas entrelinhas da minha HQ.
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TZ: Esse materialismo nosso na sua opinião se deve a que?
JA: Nós crescemos num mundo onde somos ensinados a consumir. Um exemplo pessoal: até três anos atrás eu não tinha carro. Nunca me incomodei de pegar ônibus ou táxi quando não podia pedalar para chegar onde queria. Nunca dei bola para carro. Mal sei como funciona um motor. Mas com filho pequeno e com livros para carregar (afinal, sou um editor independente) acabei comprando um carrinho usado.
As pessoas ao meu redor passaram a me cumprimentar por esse feito. Era como se eu tivesse ascendido socialmente. Agora o José era um cidadão pleno para os vizinhos, parentes e amigos! Que barbaridade! Claro que não há maldade em ficar feliz por alguém. Mas as pessoas não pensam muito que o automóvel é um ótimo exemplo do que erroneamente valorizamos na vida: objetos que são signos de status. Medimos o valor das pessoas pelo que elas ostentam. São nossos certificados de “bem-sucedidos na vida”. Por isso é tão fácil manipula-las, através do medo de perder esses objetos. Não à toa tanta gente não se incomodou quando o governo provisório de Michel Temer (escrevo isso menos de duas semanas depois da sua posse) quis acabar com o MinC. Se as pessoas puderem ter um veículo em vez de cultura, não pensarão duas vezes. E isso me assusta. Talvez por isso meus trabalhos tem sempre algo crítico, mesmo que não panfletário, com relação a nossa sociedade.

TZ: Você usa como ligação entre os contos alguns diálogos entre o criador dos contos, José, e alguns amigos. Eles tem muitas falas que ouvimos diariamente no meio artístico brasileiro de quadrinhos. Como é relatar essa ideia?

JA: Notou que você formulou sua pergunta usando o meu nome em vez do nome do personagem, que se chama Chico? Ele de certa forma é mesmo um alter-ego meu e dos meus colegas quadrinistas e escritores. Essas páginas fazem parte de um processo particular de auto reflexão como autor, editor e produtor cultural.  Desde 2013, tenho me auto-publicado num ritmo frenético e acabo de sair de dois mega projetos pessoais de quadrinhos. Neste começo de ano, o Cena HQ, projeto de leituras de HQ no teatro, cancelado por falta de patrocínio; e a Gibicon, evento que ajudei a criar, também deixou de existir, se tornando outro projeto, sem minha participação. Então tenho tido muito em que pensar sobre meu papel no meio dos quadrinhos. Sobre minhas realizações, frustrações e reais anseios.
Os personagens Chico, Ana e Caio na verdade sou eu me questionando e dialogando com a realidade editorial que vivemos. Tentando entender, através de suas discussões sobre os contos, o quanto esse universo molda o que eu e meus colegas autores fazemos. Esses “intervalos” na verdade são a história maior que os contos ilustram metaforicamente. Uma forma arriscada de construir o livro, que, espero, irá agradar aos leitores. Sejam autores, editores ou não.
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TZ: A história Nada é a que considero de maior qualidade aqui, porque ela mistura o real com irreal, em um texto que expressa muito bem as vontades e os desejos dos jovens. Você também acha que estamos em busca de segurança?

JA: Obrigado! Se para você a última parte é o ponto alto, fico mais que lisonjeado! Acredite, esse final estava escrito antes do livro ter sido formatado e ficou anos na gaveta com os contos avulsos que escrevi enquanto não chegava a hora certa do livro ser feito. O Chico ainda nem existia e, claro, adaptei o texto original para que esse conceito pudesse sintetizar tudo o que o leitor acompanhou durante a narrativa.
O problema aqui é como comentar sem dar “spoilers” para quem não leu o livro ainda…  Então falemos da busca sobre a segurança. Sim, concordo que nascemos com essa preocupação em mente. Quanto mais a idade avança, você se arrisca menos e se permite resignar para não perder o que já fora conquistado. Cresci com muita gente assim ao meu redor, o que me entristece muito ao pensar em como poderia ter sido suas vidas se tivessem se arriscado um pouco mais de vez em quando. Mas cada história pessoal tem seus motivos, e não se deve julgar ninguém por ser mais ou menos ousado.
Eu acredito que tenho me aventurado e levado muitas pessoas comigo nessa jornada de, assim como o Chico, ser um autor. Não é uma jornada segura. Mas é um ideal que me motiva e acaba inspirando outros também. No fim, ninguém é de fato seguro. Tudo pode mudar a todo momento. Precisamos de âncoras que nos permitam ter uma referência, que nos permitam ter forças para o próximo passo. Mas é bom que elas estejam prontas para serem içadas! Às vezes pode ser bom andar no escuro. Claro que,  se você tem preparo, e já carrega no bolso um mapa e uma lanterna, pode ser que vá ainda mais longe. O importante é não criar obstáculos onde eles não existem de fato. Se eu visse só os obstáculos, eu jamais teria optado por ser artista. Ainda mais autor de quadrinhos.

TZ: Para finalizar, quais memórias você gosta de adornar na sua parede?

JA: Minhas paredes andam meio amorfas atualmente. Reflexo da minha fase de reflexão? O escritório anda sem pôsteres, mas as caixas e estantes (vida de editor) ocupam todo meu espaço de trabalho. No resto da casa, ainda devo colocar fotos importantes. Coisas de família. Sem pressa. Um dia, quando for a hora, se eu não trocar a segurança deste lar por outro. Assim, minha foto autografada do Lou Ferrigno, que há anos espera por um cantinho, talvez demore mais tempo para achar sua parede querida.
Ando mesmo é adornando minhas parentes mentais com imagens do que quero realizar daqui por diante. Das novas HQs que quero criar, dos lugares que quero conhecer, das pessoas que amo.

TZ: Deixe um recado para os leitores do Terra Zero e explique para eles aonde eles conseguem encontrar suas HQs e seus outros trabalhos

JA: Um recado? Acreditem, pode não parecer, mas fui feito por quadrinhos de super-heróis e não aceito bem a ideia de que os Novos 52 podem ser criação do Dr. Manhattan. Dói na alma deste nerd veterano e calejado de tantos reboots… Mas se ainda há esperança, Zack Snyder deixará em breve o comando dos filmes da DC. Recitem comigo: “Na noite mais fria, na treva mais densa, Zequisnaidi sucumbirá ante minha presença!”
Eu, que acompanhava o ComicPod desde quando eram apenas um reduto Decenauta, adorei quando (redatores e leitores) expandiram seu universo e abraçaram outras HQs! Principalmente a produção nacional, que ganhou mais um espaço importante de divulgação. Ganhamos todos com isso!
Aqui em Curitiba, apresento mensalmente o Ciclo de Quadrinhos, onde os nossos super-seres são pauta quente e polêmica.  Para quem quiser ler minhas HQs online, pode acompanhar meu perfil do Facebook, onde posto as novidades. Tem também o meu site www.quadrinhofilia.com.br, que em breve terá loja online e outras novidades.
Reforço também que A Infância do Brasil é gratuita e está disponível completa no seu site www.ainfanciafobrasil.com.br, que traz muito conteúdo extra, incluindo uma versão comentada em cada capítulo. Convido a todos a lerem e divulgarem essa HQ para, juntos, refletirmos sobre nós mesmos!
Obrigado Pablo, pela sua leitura e pela oportunidade de estar aqui com vocês no Terra Zero!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

COISAS DE ADORNAR PAREDES no Kitinete HQ!


E os camaradas Rodrigo Scama e Liber Paz se debruçaram, ou melhor, viajaram a partir do meu livro neste vídeo do sua canal de resenhas de quadrinhos, o sempre divertido Kitinete HQ. Confira o que eles acharam do meu singelo COISAS DE ADORNAR PAREDES! Se você já leu, conte se concorda ou não pois, mesmo "sem isenção", a dupla aprovou! Não deixe de prestigiar o canal deles e suas dicas preciosas de quadrinhos smepre num bate-papo mais que informal e sincero!
 
Publicado em 1 de jun de 2016 aqui.
"José Aguiar (sim, ele é nosso amigo e o vídeo não é isento) faz uma obra sensacional sobre as coisas que ficam na parede. Azulejos, rachaduras, tijolos e a densidade das relações humanas..."


segunda-feira, 23 de maio de 2016

COISAS DE ADORNAR PAREDES pelo mundo 6


Olhe lá no céu! É um pássaro, um avião, um livro voador não identificado? Em algum lugar entre o sagrado e o profano, digo, Rio de Janeiro, minha HQ foi interceptada pelas ágeis mãos dos queridos Franciele Vanessa Sander e Christoph Küstner. O desavisado rapaz de barba que testemunhou o feito ficou imóvel diante de tamanha agilidade para garantir um exemplar de COISAS DE ADORNAR PAREDES! Acredite, você pode conseguir o seu nas livrarias e comic shops do Brasil! Vai com fé!

sexta-feira, 20 de maio de 2016

A primeira crítica de COISAS DE ADORNAR PAREDES!

 
"... é uma obra para ler mais de uma vez. Um trabalho com uma sutileza de detalhes que faz com que uma segunda (ou terceira) leitura seja ainda mais surpreendente..." 

 

Saiu a crítica da minha nova HQ, COISAS DE ADORNAR PAREDES, no site Universo HQ! Descubra nas generosas palavras do Rodrigo Scama (do canal Kitinete HQ no Youtube) as razões para ter o seu exemplar! Depois é só correr para as livrarias e comic shops!
Publicado originalmente em  http://www.universohq.com/reviews/coisas-de-adornar-paredes/

Data: 20 maio, 2016
Coisas de adornar paredes 

Editora: Quadrinhofilia – Edição especial
Autor: José Aguiar (texto e arte).
Preço: R$ 48,00
Número de páginas: 120
Data de lançamento: Abril de 2016

Sinopse
Um melancólico escritor de histórias de terror que, na realidade, é um mero funcionário de uma empresa de azulejos fora de linha. Ele mostra seus contos a dois amigos que trabalham com ele e ouve as críticas de ambos.
Positivo/Negativo
Coisas de adornar paredes é o novo trabalho do curitibano José Aguiar, um incansável batalhador da nona arte no sul do Brasil. Desta vez, o autor apresenta a história de Chico, um jovem que trabalha em uma empresa de azulejos fora de linha (daqueles que as pessoas pagam fortunas porque precisam refazer uma parede), mas quer mesmo é se firmar como escritor.
Assim, a dinâmica do álbum é feita pelos contos de Chico e, logo depois, pela crítica de dois de seus colegas, Ana e Caio, que leem as histórias no meio do expediente e expressam sua opinião ao pobre autor.
O que torna este álbum interessantíssimo é justamente essa dinâmica. Primeiro, porque se lê um conto. Em seguida, vem a crítica a esta história. Ana e Caio representam muito mais a autocrítica de Aguiar, do que a crítica ao personagem Chico.
Todas as tramas contadas por Chico têm a ver com coisas que adornam paredes (como o título explica). Assim, Aguiar invade o mundo dos azulejos, dos tijolos, das rachaduras, dos quadros e de tantas outras coisas que existem em nossas paredes, em nossas casas e que raramente nos damos conta.
Os contos de Chico são muito bem construídos, e misturam algo de moderno com as histórias de Edgar Allan Paul, Baudelaire ou Oscar Wilde. O fantástico e o horror se mesclam, e o leitor é brindado com um interessante desenvolvimento de personagens e de trama, que, como era de se esperar, não raro acaba mal.
Mas o álbum é mais do que isso, porque, como já foi dito, há a crítica da história contada. Existe uma nova camada de leitura na interação entre Chico, Ana e Caio. E ali a trama precedente se completa, porque os pontos falhos da narrativa do pretenso escritor são explicitados, mas não só.
Aos poucos, o leitor vai percebendo que as inspirações para a escrita das histórias vêm justamente desses encontros e diálogos no meio do expediente. E que é o desenvolvimento da relação entre os personagens que motiva Chico a escrever e, em outra perspectiva, não ser tão bem-sucedido na arte das letras.
O desenho de José Aguiar é outro ponto forte. O artista usa a técnica da aguada para fazer fenomenais aquarelas em escalas de cinza. Os personagens angulosos contrastam de forma brilhante com essa técnica artística, pois promovem uma estranheza que chama a atenção.
Talvez o melhor momento para perceber isso sejam as sutilezas dos retratos dos personagens pendurados na parede das páginas 46 e 47. Um tipo de arte que faz Aguiar se destacar pela criatividade e originalidade.
Para quem é curitibano, há outro detalhe importante: cada uma das histórias se passa em um bairro da capital paranaense. Para quem não é de Curitiba, basta dizer que Uberaba, Boqueirão, Santa Felicidade e os demais nomes próprios que aparecem nos títulos são os nomes dos “pedaços” da cidade.
Enfim, é uma obra para ler mais de uma vez. Um trabalho com uma sutileza de detalhes que faz com que uma segunda (ou terceira) leitura seja ainda mais surpreendente, para perceber as diversas camadas de interpretações colocadas por Aguiar neste livro.
Classificação
4,5